Edvaldo
Pitanga(*)
Comunico que a partir
de hoje, 06 de junho de 2014, parei de ouvir a rádio A Tarde FM, o que fazia
pelo menos três vezes por semana durante o meu exercício de uma hora de caminhada
na esteira ergométrica. Acompanhava o programa das sete, “informação e boa
música”. Boa música posso até concordar, informação não!
No primeiro dia dessa
semana ouvi o comentário sobre a copa do mundo e o comentarista (é assim que o
chamam?), após pesadas críticas às obras inacabadas, finaliza dizendo “isto é o
Brasil!”. No segundo dia, após críticas mais ácidas ainda, finaliza “só no
Brasil!”. Na sexta-feira fechando meu ciclo semanal de exercícios, por volta
das oito horas entra o dito, que não lembro o nome (e nem quero lembrar)
babando soda cáustica e, exercendo sua crítica tendenciosa, dá a entender que o
fato de o Brasil sediar a copa do mundo, é a causa de todos os nossos problemas
econômicos, sociais, políticos e ... climáticos (A seca? Culpa da copa;
Inundação? Culpa da copa; O Bahia vai pra segunda divisão? Culpa da copa).
Muito bem impressionado
que estou com o documentário ‘O Complexo de Vira Lata’ do Leandro Caproni,
percebi duas coisas: o tal comentarista é um complexado canino vira-lata e, A
Tarde FM (o jornal também) integra na Bahia o PIG – Partido da Imprensa
Golpista. E, se a Presidenta Dilma não vê a rede globo – carro chefe do PIG
nacional – eu pratico isso a mais de trinta anos, recusando-me a dar audiência
a uma concessão pública de comunicação que além de tramar contra os interesses
do povo, impede pela desinformação, que o verdadeiro país seja conhecido e,
portanto, discutido de maneira correta. O que começa a acontecer com o programa
“informação e boa música”
Não sou muito chegado a
acompanhar futebol embora diga que sou vascaíno e não saiba o nome de um
jogador sequer do meu time. Mas fiquei intrigado e curioso do porquê no ‘país
do futebol’ a mídia reverberar tanto ódio e intolerância com o maior evento
desse esporte. Fui à cata de informações, dados, fofocas...o que fosse para me
ajudar a entender esse fenômeno.
E aí descubro que em
uma pesquisa realizada em maio, 65% dos ingressos foram adquiridos por
brasileiros; o Brasil receberá cerca de 375 mil turistas estrangeiros; dos 8
bilhões investidos, 4,4 foram emprestados pelo BNDES que os receberá de volta
com juros; 51% da população são favoráveis à sua realização (64% no nordeste), 71%
dos brasileiros querem que a copa dê certo, 22% querem que dê errado (acho que
são os classe média-coxinhas). Que a copa do mundo agregará 183 bilhões ao PIB
brasileiro até 2019, ou seja, 0,4% ao ano; foram investidos 33,1 bilhões de
reais em infraestrutura (estádios, mobilidade urbana, portos e aeroportos,
energia, segurança...etc.) que transcenderão a realização do evento. Chega!
Avisei a Vanusa, minha
esposa, que eu ‘se retei’. Vou comprar uma vuvuzela pra fazer barulho e torcer
pelo Brasil e fui por ela avisado que estou quatro anos atrasado. Vuvuzela foi
na África do Sul, agora é a caxirola, invenção do conterrâneo Carlinhos Brown.
Pois bem! Viva Carlinhos Brown! Vou ‘caxirolar’ em alto e bom som, e mais, vou
procurar meus companheiros trabalhadores da economia informal e comprar camisa,
boné (já ganhei duas bandeiras de presente do companheiro Irlan), pra toda a
família. Só não irei assistir os jogos na tv globo e nem em uma televisão de
sessenta polegadas que tenho certeza os coxinhas-classe média alta-reacionária
assistirão, nem que seja para torcer contra o Brasil, aliás, eles sempre fazem
isso com seu complexo de vira-latas e o seu eterno conflito: de um lado
sonhando em fazer parte da elite e de outro, um puta medo de se proletarizar. Como
sou classe média de origem proletária, contento-me com a de trinta e duas
polegadas (TV, é claro!).
Ficou pendente o que
ouvirei durante o meu exercício físico diário. O comentarista-coxinha (muita
massa e pouco conteúdo) não será. Vou voltar ao velho ‘aipode’.
E pode mesmo! Brasil Hexa!!!!!!!!!!!!
(*) Edvaldo
Pitanga é sindicalista