Autor: Edvaldo Pitanga (*)
Escrevo este texto sob
as bençãos de Nosso Senhor Jesus Cristo que ressuscitou em um Sábado de
Aleluia. Ele que foi traído por Judas Iscariotes, ato consumado por um beijo
denunciador, também foi vítima de Pôncio Pilatos, aquele que lavou as mãos e
disse que não era com ele. Bem, Judas passa pra a história como o mais famoso
traidor e o velho Pôncio como sinônimo daqueles que tiram o seu da reta.
Mas no Brasil temos
outros traidores famosos. No passado, o Coronel
Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, contratador de
entradas, fazendeiro e proprietário de minas Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes é um deles.
Traidor da Inconfidência Mineira, foi recompensado com diversos “mimos”: o cancelamento de seu débito junto à Coroa Portuguesa, o
cargo público de tesoureiro da bula de Minas
Gerais, Goiás e Rio
de Janeiro, uma mansão como morada, pensão
vitalícia, título de fidalgo da Casa
Real, fardão de gala e hábito da Ordem
de Cristo, além de ter sido recebido pelo
príncipe regente Dom
João em Lisboa.
Judas só recebeu trinta
moedas de ouro.
No Brasil atual, o povo
brasileiro aos poucos vai tomando conhecimento de mais uma alta traição. A de
Eduardo Campos, Marina Silva e de Lídice da Mata. Todos eles participantes dos
governos Lula e Dilma e, na Bahia da gestão Jaques Wagner, também do Partido
dos Trabalhadores.
O Estado de Pernambuco,
governado pelo senhor Eduardo Campos, foi agraciado com pesados investimentos
da União. As ações federais ajudaram a alcançar bons níveis de popularidade.
A candidata a
vice-presidente na chapa de Eduardo Campos, Marina Silva foi ministra do Meio
Ambiente no governo Lula, aliás, honrando a sua bela história de vida.
E na Bahia, Lídice da
Mata só se elegeu senadora graças a esse arco de alianças construído para dar
sustentação ao projeto iniciado no primeiro governo Lula. E ainda dizem que o
PT é exclusivista!
E esse projeto
significa o combate à pobreza. Mais de 60 milhões de pessoas incluídas, geração
de milhões de empregos – hoje a taxa de desemprego gira em torno de 5%, o menor
índice da história – e programas exitosos como o Minha Casa Minha Vida, Bolsa
Família, Brasil sem Fronteiras. Dos 15 maiores investimentos no mundo, mais da
metade está no Brasil. E a Petrobrás, que no governo FHC tinha seu valor de
mercado estimado em 30 bilhões de dólares, hoje vale 260 bilhões, além de
garantir os recursos necessários aos investimentos em Educação, vindo da
produção das reservas do pré-sal.
Por tudo isso, discordo daqueles que dizem que Eduardo Campos e Marina Silva traíram Lula e Lídice, o
governador da Bahia Jaques Wagner. Pra mim, não foram somente eles os traídos.
A verdadeira traição foi ao projeto de uma sociedade menos desigual. Foi ao projeto de um Brasil para o povo
brasileiro. Foi, enfim, traição ao projeto da classe trabalhadora de vida
digna, de trabalho decente, de desenvolvimento econômico com distribuição de
renda, de democracia.
Judas recebeu trinta
moedas de ouro. Joaquim Silvério, um monte de benesses. E os nossos personagens
deste texto, que recompensas terão? Pra mim, o repúdio da sociedade brasileira
e baiana e o ostracismo, já são de bom tamanho.
Para finalizar, cabem
muito bem aqui as palavras de Leonel Brizola: “a política ama a traição, mas
abomina o traidor”.
Que sirva de lição para
todos nós!
(*) Edvaldo
Pitanga é sindicalista.
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