segunda-feira, 21 de abril de 2014

PEQUENO ENSAIO SOBRE A TRAIÇÃO

Autor: Edvaldo Pitanga (*)

Escrevo este texto sob as bençãos de Nosso Senhor Jesus Cristo que ressuscitou em um Sábado de Aleluia. Ele que foi traído por Judas Iscariotes, ato consumado por um beijo denunciador, também foi vítima de Pôncio Pilatos, aquele que lavou as mãos e disse que não era com ele. Bem, Judas passa pra a história como o mais famoso traidor e o velho Pôncio como sinônimo daqueles que tiram o seu da reta.

Mas no Brasil temos outros traidores famosos. No passado, o Coronel Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, contratador de entradas, fazendeiro e proprietário de minas Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes é um deles. Traidor da Inconfidência Mineira, foi recompensado com diversos “mimos”: o cancelamento de seu débito junto à Coroa Portuguesa, o cargo público de tesoureiro da bula de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, uma mansão como morada, pensão vitalícia, título de fidalgo da Casa Real, fardão de gala e hábito da Ordem de Cristo, além de ter sido recebido pelo príncipe regente Dom João em Lisboa.

Judas só recebeu trinta moedas de ouro.

No Brasil atual, o povo brasileiro aos poucos vai tomando conhecimento de mais uma alta traição. A de Eduardo Campos, Marina Silva e de Lídice da Mata. Todos eles participantes dos governos Lula e Dilma e, na Bahia da gestão Jaques Wagner, também do Partido dos Trabalhadores.

O Estado de Pernambuco, governado pelo senhor Eduardo Campos, foi agraciado com pesados investimentos da União. As ações federais ajudaram a alcançar bons níveis de popularidade.

A candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos, Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula, aliás, honrando a sua bela história de vida.

E na Bahia, Lídice da Mata só se elegeu senadora graças a esse arco de alianças construído para dar sustentação ao projeto iniciado no primeiro governo Lula. E ainda dizem que o PT é exclusivista!

E esse projeto significa o combate à pobreza. Mais de 60 milhões de pessoas incluídas, geração de milhões de empregos – hoje a taxa de desemprego gira em torno de 5%, o menor índice da história – e programas exitosos como o Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Brasil sem Fronteiras. Dos 15 maiores investimentos no mundo, mais da metade está no Brasil. E a Petrobrás, que no governo FHC tinha seu valor de mercado estimado em 30 bilhões de dólares, hoje vale 260 bilhões, além de garantir os recursos necessários aos investimentos em Educação, vindo da produção das reservas do pré-sal.

Por tudo isso, discordo daqueles que dizem que Eduardo Campos e Marina Silva traíram Lula e Lídice, o governador da Bahia Jaques Wagner. Pra mim, não foram somente eles os traídos. A verdadeira traição foi ao projeto de uma sociedade menos desigual.  Foi ao projeto de um Brasil para o povo brasileiro. Foi, enfim, traição ao projeto da classe trabalhadora de vida digna, de trabalho decente, de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, de democracia.

Judas recebeu trinta moedas de ouro. Joaquim Silvério, um monte de benesses. E os nossos personagens deste texto, que recompensas terão? Pra mim, o repúdio da sociedade brasileira e baiana e o ostracismo, já são de bom tamanho.

Para finalizar, cabem muito bem aqui as palavras de Leonel Brizola: a política ama a traição, mas abomina o traidor”.

Que sirva de lição para todos nós!


(*) Edvaldo Pitanga é sindicalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário